A prática de exercícios no lazer contribui para a saúde cardiovascular e metabólica
Boa parte dos brasileiros à espera dos
Jogos Olímpicos, que começam em pouco mais de um mês no Rio de Janeiro, tem
mais interesse por assistir esportes pela televisão, no conforto de um sofá, do
que praticá-los pessoalmente. A atividade em nível olímpico pode ser excessiva,
mas a falta de exercício no tempo de lazer pode estar por trás de um aumento em
doenças cardiovasculares e metabólicas, de acordo com estudo coordenado pelo
epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (FM-USP), que se destaca por acompanhar a saúde de uma população
considerável ao longo dos anos.
O
trabalho, publicado na edição de junho
de 2016 da revista Journal of the American Heart
Association, acompanhou 10.585 integrantes saudáveis do Estudo
Longitudinal da Saúde do Adulto, dos quais um quarto dizia praticar atividades
físicas em seu tempo de lazer: ao menos 150 minutos de atividades físicas
moderadas, ou pelo menos 75 minutos de atividade vigorosa por semana. Ao fazer
a avaliação cardiovascular, o estudo verificou que os participantes ativos
tinham uma série de indicadores de saúde melhores do que os inativos, como Índice
de Massa Corpórea (IMC, referência de obesidade), tensão arterial e frequência
cardíaca. A prevalência de hipertensão e diabetes também parecia ser mais
baixa, assim como um índice que prevê o risco cardiovascular nos 10 anos
seguintes. A associação entre quem faz atividade física e a saúde
cardiovascular é muito forte.
A
conclusão é preocupante diante de um levantamento, com base na Pesquisa sobre padrões de vida do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 1996 e 1997: entre os brasileiros, 87% não aproveitavam o
tempo livre para fazer exercício. Nestes últimos 20 anos, com um modo de vida
cada vez mais urbano, parece improvável que a situação tenha melhorado.
Os dados agora analisados se referem à
linha de base do Elsa-Brasil entre 2008 e 2010. Mais uma leva de medições foi
feita entre 2012 e 2014, ainda não analisada, e o grupo – que envolve
pesquisadores e voluntários de seis instituições de pesquisa em diferentes
estados brasileiros – está se preparando para a amostragem de 2016 a 2018, em
que a atividade física será monitorada de maneira mais rigorosa – baseada em
acelerômetros, equipamentos que medem o exercício praticado, em vez de
questionários.
O objetivo não é mandar todos os
brasileiros para treino em academia, pois muitas pessoas não gostam dessa
prática, mas não tenho dúvidas de que a atividade física cotidiana e esporte de
lazer, como correr, pedalar, jogar tênis, ir até uma praça se exercitar ou
jogar bola por pelo menos 30 minutos ao dia de segunda a sexta-feira, é crucial
para a manutenção da saúde cardiovascular e metabólica.
Está esperando o que para sair do sofá?
Artigo científico
LIN, X. et al. Leisure time physical activity and cardio‐metabolic health: results from the brazilian longitudinal study of adult health (ELSA‐Brasil)
LIN, X. et al. Leisure time physical activity and cardio‐metabolic health: results from the brazilian longitudinal study of adult health (ELSA‐Brasil)
. Journal of the American Heart Association, v. 5, n. 6, e003337. 13 jun. 2016.
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